segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Joe Cocker também chegou ao Granada

Um dia, o Morgado chegou todo excitado da terra.
- Vinha no comboio a ouvir uma música maravilhosa... Ele cantava, o coro respondia... Get a little help from my friends...
Hoje, tive a notícia que este nosso amigo, que tantas horas de prazer nos legou, foi ter com o Harrison, o Lennon, o Zeca...
Aqui fica uma pequena (longa) recordação de Joe Cocker



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ponto de partida para diversos programas....



 
 

Depois de regressar da tropa, voltar a frequentar o ISCEF 1968/71, um dos cafés em que estudava com alguma frequência era o Café Granada situado no Conde Barão. Depois, quando terminei o curso e já estava empregado, ainda o passei a frequentar com mais assiduidade. Era aqui que combinávamos muitos programas para a noite, cinemas, jogar ao king, ver encontros desportivos, farras, encontros na Cervejaria Trindade, etc. No carnaval do ano de 197(?), foi do Café Granada que partiu o celebre cortejo de um casamento improvisado em direção ao Mosteiro dos Jerónimos. O Nabais vestido de noiva e a Zé, a mais pequenina (irmã da Xica) vestida de noivo, eu vestido de menina chinesa com um vestido da coleção da Fernanda Morais. Uns foram vestidos de padrinhos, outros de acompanhantes e outros de crianças com xuxas e babetes. Junto ao Mosteiro dos Jerónimos perfilamos dois a dois, como se de um verdadeiro casamento se tratasse. Eramos mais de 30 amigos todos vestidos de forma carnavalesca. Muitos “mirones”, estrangeiros e curiosos, aproveitaram para tirar fotos a tão original casamento. Depois de casamento tivemos o copo d`agua e dança até de madrugada na Cruz de Pau. Foi do Café Granada que partimos para muitos eventos na casa do pai do Manuel Aires na Charneca da Caparica, sardinhadas, uma matança de porco, outras festas de carnaval e outros passatempos. Foi aqui que criámos e consolidámos muitas amizades.


Casamento improvisado realizado no Mosteiro dos Jerónimos
 
Para recordar esses tempos, por volta de 2000, o Nelo, de forma esporádica começou a convocar os antigos frequentadores do Granada para jantares, primeiro no restaurante “O Cantinho do Morais” em Dafundo e depois num restaurante em Linda à Velha. A convocatória era um pouco “ passa palavra, avisa o amigo” pelo que os jantares não tinham muitas presenças. Ultimamente tinham apenas 8 ou 9 amigos e por fim ainda menos.

Em 2008, ainda antes de passar à reforma, resolvi dinamizar mais este Grupo. Contatei a maioria por telefone ou por email e o 1.º jantar que dinamizei em Dezembro de 2008 realizado no restaurante Valbom, já teve 24 presenças.
 
Decidi passar a realizar jantares semestralmente, fazer o reporte do jantar e enviá-lo para todos os participantes do grupo. Criou-se uma empatia entre todos os elementos do grupo e todos insistem em fazer jantares com mais frequência. Tenho mantido esta frequência de realizar encontros em Maio e Novembro e tem havido sempre mais de 20 presenças.

Momentos de convivência do Grupo
 
Em dois encontros houve momentos musicais com o José Duarte, o Victor Barata e o Luciano a animarem o ambiente com violas e canções. A maioria dos amigos são economistas, mas também há dois engenheiros, empregados de seguros e dois professores doutorados. Fizemos encontros nos restaurantes: Valbom, “People” (2), Apeadeiro (2), Tasca do Lagarto, Entre Copos, e UAI. 


Texto retirado do livro de Testemunhos de Manuel Pires Valente.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A trupe da lerpa

A subversão ainda não havia chegada às paragens do Granada. Os estudos não apertavam. O King era demasiado fino para almas tão simples...
- Que chatice! Não há nada para fazer! O melhor é jogar  lerpa...
Dizem as más línguas que o Luís pagava os seus bagaços com os ganhos do jogo. O Morgado chegou a afirmar que, quando ele fosse grande, daria 50$00 aos filhos para depois os esfolar. Mas isso não é verdade: o Luís nunca teve lucros significativos.
Bem mais digno de nota era o puto Garcia. Começava com grande prosápia, depois acelerava, algum tempo depois ouvíamos alguém a bufar e, repentinamente, as cartas caíam em cima da mesa com significativa obscenidade... e tudo ficava virado do avesso.
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


Campeonato da bufa


Estudantes, jovens, divertidos, sempre a inventar coisas e um grupo quase sempre de homens, chegámos ao ponto de fazermos campeonatos de bufas (incluindo as sonoras) ou, dito de outra forma, de peidos (incluindo os silenciosos).

Quando o ambiente se adequava e, por vezes, mesmo quando ele não se adequava, alguém iniciava a “festa” que era logo seguida de mais uns tantos que, como podiam, com maior ou menor “qualidade” ou quantidade perante a indignação e o incómodo dos que não entravam na “guerra”.

Também entrava na contenda embora não fosse nem dos melhores, nem no aspecto qualitativo nem quantitativo. Os meus amigos dizem-me que era dos melhores, mas vamos ser sérios (como dizem agora os políticos que não o são) eu devia situar-me na mediania dos “concorrentes”.

Para defesa da minha reputação digamos que havia mesmo muito poucos que não entravam nessa disputa. Muito discretamente, ou até muito envergonhadamente, mesmo os mais discretos e quase sempre incomodados, largavam-se silenciosamente perante o pasmo dos “habitués” que faziam uma enorme festa que deixavam o autor entre o feliz, por ter entrado para o grupo dos famosos, e o infeliz por ter acabado de perder, nesse momento a possibilidade de continuar a mostrar-se incomodado.

Uma noite, no regresso duma paródia, por volta da uma ou duas da manhã, dividimo-nos pelos poucos carros que havia e eu, mais quatro regressámos no carro novo do Manuel Valente, acabado de comprar com as suas pequenas poupanças, um magnífico Datsun 1200, um dos melhores daquela altura (1971/1972).

A noite tinha sido divertida e acabara (diga-se que nem sempre era assim) com um campeonato já no exterior da tasca de Porto Salvo onde ficáramos na conversa dada a noite amena exterior e o calor interior das imperiais emborcadas que se fazia sentir.

Foi difícil parar o campeonato no momento em que se entrou para os automóveis. Já no interior do novo e belo automóvel do Manel houve ainda algumas “largadas” até ao ponto em que o Manel deu um grito enorme:

- Que merda é esta?! Acabou! Quem continuar ponho-o fora do carro.

Fez-se silêncio e respeito porque o Manel nem é de gritos.

Com dificuldade travámos os aparelhos digestivos o que, como imaginam, nem sempre é fácil. E fizemos alguns quilómetros de regresso a Lisboa até ao momento em que surgiu (do nada diria eu) um cheiro já habitual.

- João já te tinha avisado – gritou o Manel completamente enfurecido, travando o carro bruscamente á beira da estrada no meio da mata de Monsanto.

Saiu, veio abrir a porta e mandou-me sair. Barafustei, disse que não tinha sido eu, pedi desculpa mas nada. Com o silêncio total dos outros fui posto e deixado à beira da estrada a assistir à partida do carro do Manel Valente que logo a seguir desapareceu na primeira curva.

Aqui entre nós e sinceramente nem me lembro se fui realmente eu. Tive o azar de ser o primeiro a quebrar o silêncio com uma gargalhada e os outros aproveitaram para me tornarem a vítima.

Ah é verdade, ia-me esquecendo de contar o resto da história.

De noite, conhecendo mal o sítio onde estava, não sabendo para que lado deveria seguir, fiquei no mesmo lugar durante uns cinco minutos.

De repente, o Datsun 1200 do Manel pára, de novo, ao meu lado.

- Entra lá, mas que seja a última vez – gritou-me ele, ainda mais enfurecido.

No dia seguinte a amizade foi retomada, com mais uma reprimenda do lado do Manel e com muitas desculpas do meu lado. Os amigos são assim.

E, ainda hoje, tenho a impressão de que fui injustiçado. Mas os outros calaram-se … e eu ri-me.

 

João de Sousa / 2012